<p>"Nós somos Pussy Riot" é um combo e também um libelo que se interpõe entre o patriarcado capitalista e encarcerador e as mulheres que ele vitimiza, de mais de uma forma: seu conteúdo é revolucionário, mas também o são as várias etapas de seu processo produtivo. Ele é composto por "Riot days", um relato cru, alucinatório e apaixonado sobre a prisão e julgamento de Maria Alyokhina em uma colônia penal nos Urais após participar junto com Pussy Riot, sua banda punk feminista, de um protesto punk contra Putin em uma igreja ortodoxa. E também de dois cordéis — "Sobre (Viver)" e "Engaiolaram-nos" — tudo embalado em balaclavas coloridas, símbolo universal de resistência e luta social, confeccionadas especialmente pela Cooperativa Libertas, de mulheres egressas da máquina do sistema penitenciário brasileiro. Entre a banda Pussy Riot, perseguida em uma Rússia onde direitos das minorias são tolhidos, e as brasileiras que sofrem em um sistema desumano, há muito em comum.
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Maria Alyokhina
As artistas-ativistas russas Nadezhda Tolokonnikova e Ekaterina Samutsevich
foram integrantes do coletivo anarquista Voina. Mas foi na criação de seu
próprio grupo, com ideias de liberdade feminina, músicas autorais contra o
nacionalismo patriarcal russo e ativismo que nasceu Pussy Riot. Maria Alyokhina
se junta então ao grupo, que decide realizar um culto punk na Catedral de
Moscou, cantando uma música com o refrão "Chase Putin away". A performance
é interrompida, mas jornalistas e cinegrafistas conseguem filmá-la. Alguns dias
após a ação frustrada, as três participantes são presas, levadas ao tribunal e
condenadas, cada uma das artistas, a dois anos de prisão.