PANDEMIA CRÍTICA | OUTONO E INVERNO 2020

Título
Pandemia Crítica - Outono e Inverno 2020
Autores Diversos
Organizadores
Peter Pál Pelbart e Ricardo Muniz Fernandes
Ano 2021 | 1ª edição
Dimensões 16 x 23cm
ISBN Inverno
978-65-86941-28-9
ISBN Outono
978-65-86941-29-6
Sobre os dois volumes
A partir de meados de março de 2020, com o anúncio oficial da pandemia pela OMS e a descoberta do primeiro caso no Brasil, bem como a paralisação de muitas atividades e o início do confinamento, a n-1 edições abriu uma plataforma online destinada exclusivamente à circulação de textos vinculados à pandemia. Análises, relatos, registros, informações
relacionados ao assunto – tudo cabia. Por quase cinco meses, a cada dia aparecia um texto novo.
Às análises percucientes somaram-se as vozes de desespero ou indignação. Mais do que fundadas reivindicações de toda ordem no plano racial, sexual, social, psíquico, político, aparecia a constatação do fim de um mundo. E com isso, o chamamento por uma guinada nos modos de vida hegemônicos.
A dimensão crítica que a pandemia despertou teve por alvo o governo fascista até as modalidades de predação do agronegócio, do capitalismo, até o Antropoceno. Tudo foi objeto de contestação corrosiva, seja por parte de autorxs nacionais ou estrangeirxs, desconhecidxs ou não, tais como Viveiros de Castro, Ailton Krenak, Safatle, Latour, Mbembe, Agamben, Negri, Butler, etc.
Dizem que uma crise é também uma oportunidade. Ela abre uma rachadura numa situação congelada, e desperta sonhos e monstros, individuais e coletivos. Portanto, serve não apenas para diagnosticar nossos males, mas também para dar a ver nossas possibilidades de transformação. É nessa dupla chave que correm os textos dessa coletânea.
Mais difícil que prever o futuro é
ler o presente a partir dele mesmo. Demasiado colados nele, atravessados pelas emoções, cativos das opiniões correntes, do jargão midiático, o presente não parece oferecer o mínimo indispensável para qualquer avaliação isenta – a distância.
Mas não seria o caso de valorizar justamente isto, a proximidade aos
acontecimentos, a imersão no torvelinho do que se passa “agora”? Colher uma
percepção situada, uma atmosfera reinante, a intensidade de um momento, a
subjetividade dos atores, não tem isso o valor único de um testemunho vivo?
É óbvio que o presente é indissociável de tudo aquilo que ele carrega, de recente ou remoto, de maneira consciente ou inconsciente. Inclusive as pandemias passadas, os genocídios passados, as estruturas escravagistas, a colonização e suas marcas... Mas também os sonhos passados, as utopias não realizadas, os futuros soterrados. Não à toa, tantos textos reiteram esses dois aspectos.
Mas há uma diferença nos testemunhos
aqui coletados. Eles não provêm de um acontecimento traumático recente, e sim de uma catástrofe em curso. No baque causado pela pandemia, pelo confinamento, pela paralisação planetária, parecíamos e ainda parecemos viver o impensável, o inimaginável – o “inacontecível”. É a partir daí que jorram as memórias e as expectativas, as associações e as análises, os desabafos e os pesadelos.
Mas não seria o caso de valorizar justamente isto, a proximidade aos
acontecimentos, a imersão no torvelinho do que se passa “agora”? Colher uma
percepção situada,uma atmosfera reinante, a intensidade de um momento, a
subjetividade dos atores, não tem isso o valor único de um testemunho vivo?
É óbvio que o presente é indissociável de tudo aquilo que ele carrega, de
recente ou remoto, de maneira consciente ou inconsciente. Inclusive as
pandemias passadas, os genocídios passados, as estruturas escravagistas, a
colonização e suas marcas... Mas também os sonhos passados, as utopias não
realizadas, os futuros soterrados. Não à toa, tantos textos reiteram esses dois
aspectos.
Mas há uma diferença nos testemunhos aqui coletados. Eles não provêm de um acontecimento traumático recente, e sim de uma catástrofe em curso. No
baque.