NO SILENCIO QUE AS PALAVRAS GUARDAM
Título No silêncio que as palavras guardam
Autor Lula Wanderley
Organizadora Kaira M. Cabañas
Projeto gráfico Erico Peretta
Ano 2021 | 1ª edição
Nº de páginas 125
Dimensões 13 x 21cm
ISBN 978-65-86941-26-5
O que os textos de Lula nos lembram é que psiquiatras – psicanalistas, terapeutas vários que lidam com os loucos – todos nós temos que servir, temos que nos prestar a servir àquele que nos faz apelo. A clínica exige que nos dobremos sobre o paciente
e com ele participemos do trabalho de reconstrução – um trabalho que requer engenho e arte, exigência que Lula, em seu trabalho e em seu livro, cumpre generosamente.
Se tivesse tido a sorte de conhecer Lula e o Espaço Aberto ao Tempo, Artaud não teria dito, em sua loucura lúcida, que os psiquiatras – leia-se, psis de toda ordem – detestam os loucos.
— Neusa Santos
No silêncio que as palavras guardam é um testemunho da dedicação de Lula às experiências e ao trabalho com expressões culturais criadoras de seus clientes. Seu desafio o se refere não somente à convenções da arte, mas também às normas que de nem quem é e quem não é um sujeito, quem é considerado são ou insano e quem se beneficia desse exercício de expressão criadora que é comum a todos. Em vez de apenas representar as visões internas dos clientes ou de falar no lugar de outrem, seu trabalho revela diferentes modos de ser e de subjetivação, unindo arte, corpo e psicologia, de modo que subjetividades estáveis nunca estejam colocadas de antemão.
Sobre o autor
Lula Wanderley
nasceu em Permanbuco, Recife. Colaborou com jornais e revistas como artista gráfico e participou de movimentos de poesia experimental. Simultaneamente, estudou medicina e formou-se pela Universidade Federal de Pernambuco. Migrou para o Rio de Janeiro em 1976, onde ligou-se a Nise da Silveira, trabalhando na Casa das Palmeiras e no Museu de Imagens do Inconsciente. Colaborou com Lygia Clark na transposição do Objeto Relacional para uma proposta psicoterápica, desenvolvendo um trabalho com pessoas em grave sofrimento psíquico: esquizofrênicos, autistas, melancólicos. Escreveu, sobre seu trabalho com Lygia Clark, o livro
O Dragão Pousou no Espaço: Arte Contemporânea, Sofrimento Psíquico e o Objeto Relacional de Lygia Clark
(Rio de Janeiro: Rocco, 2002).
Em paralelo, continuou suas pesquisas como artista visual, publicando e expondo regularmente em galerias e museus.
Sobre a organizadora
Kaira M. Cabañas é professora d e história da arte moderna e contemporânea na Universidade da Flórida em Gainesville. É autora de The Myth of Nouveau Réalisme: Art and the Performative in Postwar France [O mito do novo realismo: a arte e o performativo na França do Pós-Guerra] (Yale University Press, 2013), Off-Screen Cinema: Isidore Isou and the Lettrist Avant-Garde [Cinema off-screen : Isidore Isou e a vanguarda letrista] (University of Chicago Press, 2014), e Learning from Madness: Brazilian Modernism and Global Contemporary Art [ Aprendendo com a loucura : O modernismo brasileiro e a arte contemporânea] (University of Chicago Press, 2018). Em 2012, foi curadora (e organizadora do catálogo) d a exposição Specters of Artaud: Language and the Arts in the 1950s [Espectros de Artaud: a linguagem e as artes nos anos 1950] no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madrid.